quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Naturalmente Doce


   O elevado dulçor, equilibrado por bons níveis de acidez, coloca os vinhos de sobremesa em que o teor de açúcar é obtido de forma natural entre os melhores e mais valorizados do mundo

Se o vinho é o resultado da união entre o esforço do homem e a ação da natureza, os vinhos doces ou de sobremesa são a máxima expressão desse casamento.

Isso porque a vinificação em doce requer estratégias especiais que às vezes dependem quase exlusivamente de condições climáticas únicas como no caso dos néctares produzidos a partir da podridão nobre, outras vezes exige mais do empenho humano, caso dos fortificados, em que a adição de álcool para interromper a fermentação criou vinhos espetaculares.

Alguns vinhos de sobremesa são mais populares, feitos em várias regiões produtoras do mundo sob diferentes denominações, caso dos fortificados que recebem adição de aguardente vínica em algum momento da elaboração.

Outros são bem mais raros porque só ocorrem em algumas microregiões do planeta, como no desenvolvimento do fungo Botrytis Cinerea, que ataca o bago de uva subtraindo água e concentrando o açúcar.

“Esses dois tipos de vinhos doces são grandes vinhos, mas sob o ponto de vista enológico, o quanto mais natural for o processo, mais nobre será o resultado”, diz Celito Guerra, enólogo e pesquisador da Embrapa Uva e Vinho.

Todos os processos que permitem a vinificação em doce são arriscados, na maioria das vezes artesanais e demorados, o que quase sempre resulta em vinhos maravilhosos e caros.

Apesar de doces, os melhores exemplares de sobremesa são equilibrados pela alta acidez, que dá frescor e os livra de ser enjoativos. São vinhos com pelo menos 40g/ l de açúcar, têm frequentemente alcoolicidade elevada e, por vezes, até um sutil e bem-vindo amargor.

São também vinhos mais longevos porque o processo de maturação e fermentação faz com que a uva libere mais substâncias protéicas.

Normalmente um vinho doce natural pode ser guardado com saúde mais tempo na adega do que um tinto de média gama.

Essas características os diferem dos vinhos suaves, com os quais são muitas vezes confundidos.

Nos suaves, o açúcar é muitas vezes adicionado no final do processo.

São vinhos totalmente diferentes, com outro objetivo de mercado.


Fonte: Vinho Magazine por Ana Paula Diniz

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